domingo, 2 de dezembro de 2007

XVI

sou dos telhados de musgo
onde os gatos espreitam os sóis
as ilhas desenham batom nos vértices
e sereias emergem com os lábios de ferrugem
esse roxo silêncio
desprendendo as bandoletes
enquanto eu danço
sobre os corpos verdes
já não tenho as pernas cosidas aos girassóis
e plano sobre palácios de fibra
até me esbater na tela cromática
pinta-me
com arbustos desfiando-me os cabelos
e a textura de duas bocas secas
apertando-me as saias de mrfim
estou deitada na cintura dos pesadelos
vertendo conchas no semblante
reata-me a carne
pois tenho um pedaço de mar aberto
a soluçar-me no pescoço

in Borges, Cláudia (2007), malmequeres os lábios molhados, Palimage

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