sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Fingindo que há ganchos de astros
nos bolsos das calças
fingindo que há um giroscópio de açúcar
devastando silêncio
num trapézio contraluz
os cones fundidos no eixo do vértice
das ilhas poderosas chamando
o cetim das pernas cosidas às mãos
enquanto se expiram aromas
em aquários de zénite nadir.

Já não tenho as ancas cosidas às palavras
verteram-se as estrelas nas arestas.

Um manto de pele aberta vestiu a noite
levantando-me as saias de groselha
era um fruto degustado em pele
com a textura das amêndoas
estou sentada num astrolábio
vestem-me estrelas brancas
desprendem-se meteoros lácteos
no traçado artístico onde morrem as danças.

Graça Magalhães, 7 Dezembro 2007

2 comentários:

grupo poético disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
grupo poético disse...

Palavras poderosas como as ilhas de que fala o poema. Imagens também dominantes como se fossem de rasgar as sedas com ruídos mesmo de rasgar. Quanta conquista sensual das palavras que se oferecem determinadas.
Não sei dizer de outro modo a impressiva lâmina na pele que este poema provoca... mas gostaria...

J.F.