quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Embarco amanhã no guindaste de uvas

Escadotes de mentol perfumando a língua
Doem-me os átomos viajando em cubos de âmbar
Escorrem melancias telecomandadas
Molho os dedos na trovoada
Antes que os príncipes trabalhem nas pestanas
Metáforas cortando aquários incompletos
E os fetos bailando sobre hospitais suspensos
Solto holofotes na confusão de papoilas
Chávenas abraçando limões
E quadros desfeitos sobre o potássio dos ananases
Rádios de pimenta
Dobrando sapatos de orvalho
Enquanto os tectos mortos
Consertam raízes

Reinvento pontes costuradas
Malas desfeitas
E confunde-se o vagão azul
Com a rouquidão curva dos violoncelos
Encharco assobios
Pois eu quero beijar o malabarismo dos peixes
E atirar-me sobre escorregas de amêndoa
Embarco amanhã no guindaste de uvas

Cláudia Borges

in Malmequeres os lábios molhados

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