esse velho soldado vegetal
petrificado na pequena praça
um estandarte de anéis expeditos
cravado no rodapé da história
um marco bélico de insígnias benignas
saudemos com ele a fúria protocolar das estações
mordamos em sua honra
as milimétricas peças do grande relógio
porque a nossa robustez está no equilíbrio dos sentidos
no complexo sistema de vagões celulares
a sintonia carbónica lambe a efemeridade do futuro
cintila nas sílabas que o tempo trauteia
assim se engrossa esta linguagem a nós oculta
num primeiro olhar
(premonitória herança do dilúvio)
a linguagem ao sabor da folia de espectros inesperados
armadilhas arquitectadas aqui e ali
pelos anões que descansam
por turnos
nas ramagens mais gordas das árvores
celebremos este lugar
que o plátano há tantos anos come
há tantos anos digere sem perder firmeza
tonificando resplandecente
as folhas os ramos
os nós da camisa implacável
há tantos anos preso à cinérea jovialidade
celebremos esta praceta
atentemos na côncava alegria vinda dos espectros
– um gigantesco olho-de-mosca granítico
apontado ao céu
Porfírio Al Brandão [2008]
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