quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

um pulmão é banhado no escuro
e o focinho da poeira de um canteiro
pode ser o início da voz.
de uma tília infinita e equinocial
uma válvula de porcelana
e a perfuração redentora e métrica do corpo

num forno expiram rosas entrançadas
a serpente soprada interiormente
um castiçal raiado em corrente única
para calcinar ritmicamente o sangue
cegar os peixes loucos
e morrer durante a neve.

do fundo de uma mão há um interruptor estilístico
e as peras coadas a transbordar em orvalho
e uma lua pulmonar.
é a rasar as gárgulas que ateia o baptismo iluminado entre os charcos
e as cavidades do Inferno são uma zona em mármore cardíaca
e morrer dela
é uma rama de átomos.

cristina néry_fev 2008